Muito me contas...

Um pouco de tudo... sentimentos, pensamentos, leituras e escritas, mails enfim: tudo o que eu ache interessante!

terça-feira, agosto 15, 2006


Não é bom ficar sem ter o que fazer;
o divertido é estar cheia de obrigações e não fazer nada.
(Mary Little)

quinta-feira, agosto 10, 2006

As minhas férias...

Já estou oficialmente de férias! :0)
Aproveitei estes dois primeiros dias para experimentar a minha máquina de costura bebé, é uma daquelas pequeninas, tipo tv shop.
Fui ao IKEA e pronto, lá comecei a fazer umas almofadas (pensava eu)... de repente olhei para o tecido e pensei "isto ficava muito giro era num colar". E o homem pensa (neste caso a mulher lol) e a obra nasce... podem ver o resultado da experiência no flickr ou no Colar de Contas, mesmo já aqui ao lado!

segunda-feira, agosto 07, 2006

Canção amiga

Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.

Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não me vêem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.

Eu distribuo um segredo
como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural
dois caminhos se procuram.

Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.

Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.

(Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, agosto 04, 2006

Boa ou má sorte, quem o pode dizer?










Existia numa aldeia, um homem muito pobre,
que tinha um cavalo muito bonito.
O cavalo era tão bonito que os fidalgos do castelo queriam comprar-lho,
mas ele nunca quis.

"Para mim, este cavalo não é um animal, é um amigo.
Como é que eu podia vender um amigo?
Perguntou-se.

Uma manhã, ele vai ao estábulo e o cavalo não estava.
Todos os aldeões lhe disseram :
"Nós avisámos-te ! Devias tê-lo vendido.
Agora roubaram-to... que má sorte !"

O velho homem respondeu
" Sorte ou má sorte, quem o pode dizer ?"
Todas as pessoas faziam pouco dele.
Mas 15 dias depois, o cavalo apareceu,
com uma horda de cavalos selvagens.

Ele tinha fugido para conquistar uma bela égua
e depois veio com o resto da horda.
"Que sorte !" disseram os aldeões.

O velho homem e seu filho começaram
a domar os cavalos selvagens.
Mas uma semana mais tarde,
o filho parte a perna num treino.

"Que má sorte !" dizem os amigos.
"Como vais fazer, tu que já és tão pobre,
se o teu filho, a tua única ajuda não pode ajudar-te!"

O velhote responde "Sorte, má sorte, quem o pode dizer?"
Alguns tempos mais tarde,
os soldados dos fidalgos do país chegaram à aldeia
e levaram à força todos os jovens disponíveis.
Todos ... excepto o filho do velhote,
que tinha a perna partida.

"Que sorte tu tens, todos os nossos filhos foram para a guerra,
e tu és o único a guardar o teu filho contigo.
Os nossos se calhar vão morrer ..."

O velhote responde "Sorte, má sorte, quem o pode dizer?"
O futuro é-nos dado por fragmentos.
Não sabemos nunca o que vai acontecer.
Mas um pensamento positivo permanente
abre-nos as portas da sorte, da criatividade e faz-nos mais felizes.

(Este texto foi-me enviado pela Ana Paula)
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quarta-feira, agosto 02, 2006


Aqui fica mais uma foto das minhas gatas... Estão enormes e muito meiguinhas.
O poema é de um dos heterónimos de Fernando Pessoa.


Cada Coisa

Cada coisa a seu tempo tem seu tempo.
Não florescem no inverno os arvoredos,
Nem pela primavera
Têm branco frio os campos.
À noite, que entra, não pertence, Lídia,
O mesmo ardor que o dia nos pedia.
Com mais sossego amemos
A nossa incerta vida.
À lareira, cansados não da obra
Mas porque a hora é a hora dos cansaços,
Não puxemos a voz
Acima de um segredo,
E casuais, interrompidas, sejam
Nossas palavras de reminiscência
(Não para mais nos serve
A negra ida do Sol) —
Pouco a pouco o passado recordemos
E as histórias contadas no passado
Agora duas vezes
Histórias, que nos falem
Das flores que na nossa infância ida
Com outra consciência nós colhíamos
E sob uma outra espécie
De olhar lançado ao mundo.
E assim, Lídia, à lareira, como estando,
Deuses lares, ali na eternidade,
Como quem compõe roupas
O outrora compúnhamos
Nesse desassossego que o descanso
Nos traz às vidas quando só pensamos
Naquilo que já fomos,
E há só noite lá fora.


(Ricardo Reis)

terça-feira, agosto 01, 2006

ESPERO

Espero sempre por ti o dia inteiro,
Quando na praia sobe, de cinza e oiro,
O nevoeiro

E há em todas as coisas o agoiro
De uma fantástica vinda.


Sophia de Mello Breyner